Nem sonetos, nem poesias, nem canções…
A noite me convida a refletir, é hora de escrever. Escrever todo o fluxo de palavras que passei o dia, mais que moendo e remoendo, ruminando. Escrever é um despir-se…
Eu poderia invocar canções do Oswaldo, sonetos do Vinicius ou, ainda, poesias do Pessoa. Todas elas diriam algo sobre o que sinto e todas elas diriam nada sobre de quem sou. Despir-se, quando se trata d’alma, é um ato pessoal e solitário…
Minh’alma. Tormenta e tormento. Rodeios…
Momentos. É disso que a vida é feita. A vida é feita de momentos. E momentos são fragmentos que comportam duas propriedade, a saber: são únicos e são sinceros. Todo momento comporta uma exclusividade. Momentos são únicos. Puf, foi! Todo momento é uma expressão sincera d’alma. Momentos são verdadeiros. Se não forem, não são momentos, são simulacros.
As palavras ditas nos momentos que nos compõem têm vida, têm a energia vital, potência convertida em ato. Momentos não eram, nem serão, momentos apenas são. Olhar para os momentos de outrora nada mais é que uma releitura, registrados na memória, os momentos podem ser relidos, queridos ou odiados, mas jamais revividos. Buscar o momento no futuro é inútil. Não planejamos o momento, não o antecipamos, ainda que possamos acreditar que isso seja possível, pensar no momento que está por vir é a melhor forma de perder o momento que é.
A duração de um momento pode ser medida em termos físicos e psicológicos, mas em ambos os casos, há uma terceira propriedade do momento, a finitude. Momentos acabam. Não se extinguem, são sucedidos por novos momentos, nunca iguais, nunca repetidos e cujos significados não pode ser comparados.
Viver intensamente o momento depende de compreendê-los em sua natureza. Podemos tentar viver na lembrança do passado, podemos tentar viver na expectativa do futuro, mas o momento é a única forma real de viver.
Este texto, neste momento, não é um mea culpa.
Cada momento nosso foi único e sincero.
Me serão sempre queridos.
E.