Category Archives

6 Articles

escrivinhações

TecNÓSlogia

Posted by Edgar on

Ele lá, ela cá
O celular o denunciou
Um print de tela, dela
Olha quem está perto, ele
O inbox respondido

Artimanhas do destino?
Alguém poderia dizer,
Foram os astros!
Mas sejamos honestos,
Os astros aqui,
Nada podem.

Voltemos…

Centenas de gente
Cadê você, ele
Já te vi, ela
Fila, cerveja
Mureta
Meu copo, seu copo…
(Opa!)
Copo dele, copo dela
Dois corpos próximos
Copos alheios à
Centena de gentes.

Seguiram a madrugada…
De lá para acolá
Entre gentes
Entre tietes
Entre confissões
Entregues

Fugiram
Sem romance
Uma mesa de plástico
Duas long necks
Amendoim
E nenhuma vontade de partir

Quando deram por si,
Era manhã.
Os astros,
Ofuscados pelo sol,
Não viram a long neck
Quebrada em cacos,
Eles em risos…

Beijos de boa noite
Em pleno (bom) dia.
Ela subiu as escadas
Ele cruzou a avenida
E, desde então,
Seguem ligados

Um NÓS apertado!

E.

escrivinhações

fragmentos…

Posted by Edgar on

Naquele momento um nó se fez em sua voz. Um nó amargo. Não que não houvesse palavras a dizer. Havia. Mas a dor de tais palavras, amargas e presas na garganta haviam de ser açoites de pura chama para aqueles olhos brilhantes que esperavam uma resposta. A crueza da vida. A crueldade da verdade. Não. Simplesmente, não. Uma única palavra seria suficiente para destruir todos os sonhos, todas as juras. Um não capaz de romper a perfeição circular e estilhaçar o mais duro diamante. Não, não seria para sempre, pois o sempre é uma ilusão. Nada é para sempre. E, ainda que a poesia queira que o eterno dure o que for justo durar, não é. Todo esse rodopio de uma fração de segundos que lhe transbordava a mente silenciou-se quando ela repetiu a interrogação:

– Para sempre?
– Sim!

E o fel todo desceu-lhe ao estômago, o caldeirão da mentira, queimando-lhe por dentro e fazendo brotar uma lágrima de puro sal.

escrivinhações

Tudo bem!

Posted by Edgar on

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe?
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei.

Almir Sater & Renato Teixeira

Eu precisei me afastar para que, flutuando no intervalo que separa meus elétrons de meu núcleo atômico, eu pudesse ver com mais clareza. Eu me afastei. Eu sei que isso causou dor. Mas você, você me resgatou mesmo assim. Deixou que minha instabilidade quântica destilasse todas as minhas incertezas e, com um sorriso cósmico, disse as palavras de sempre: tudo bem com você?

Tudo bem! Nossa conexão vem de tempo imemoriais. Nossa ligação independe da tecnologia, seria igual por sinais de fumaça, ondas de rádio ou redes WiMAX. É telepática, às vezes. É a nossa conexão. Por isso, está tudo bem!

Você sabe, das coisas que me importam, eu sou a menos importante. Não sei ser sem estar conectado aos que me cercam. Ainda que os afazeres do dia-a-dia me tomem tempo demais, sempre estou pensando naqueles e naquelas que me são queridos. São poucos, mas são todos eu. Estranho, mas é assim. E você, de todos, talvez a única que me entende, ainda que você pense o contrário. Por isso, sempre estarei por perto. E, sim, eu sei, a reciproca é verdadeira.

Não importa a forma, seja numa conversa de whatsapp, seja dividindo um churros pecaminoso, ou, ainda, tirando sarro do garçom mega atencioso do nosso japa preferido. Importa que essa coisa que vem de sabe-se deus quando esteja sempre ai… e estará.

Tudo bem 😀

OV

escrivinhações

Sobre o que eu leio e sobre o que eu não quero falar…

Posted by Edgar on

Eu ainda não sei o título desta postagem. De certo que, agora, no seu presente, meu passado, você está lendo ele, há um título. No entanto, agora, no meu presente, seu futuro, o título ainda é uma incógnita. A verdade é que eu não sei bem sobre o que eu vou escrever. Os últimos dias nas redes sociais foram estranhos, um clima de agitação, comoção, agressão, incompreensão… vivemos dias estranhos. Mas, e eu já disse isso antes, em outros tempos, em outros blogs, com outras palavras… todos os tempos são estranhos, apenas na história, escrutinadora do que já houve, os tempos ganham clareza — quando ganham.

Quer saber, não vou falar sobre essas coisas… da morte de ilustres celebridades desconhecidas à horda dos defensores da família tradicional, eu, malandrão, poderia fazer como aquele garoto do ENEM e escrever aqui uma receita de miojo, com queijo, mioqueijo, uma das minhas melhores produções culinárias. Mas não vou falar, menos ainda dar a receita, do meu mioqueijo.

Acabei de ler um livro escrito pelo Gene Simmons, baixista, vocalista e dono do KISS. EU, S.A. Um livro sobre como ser bem sucedidos nos negócios. Ok, você se perguntou por que diabos eu teria comprado um livro desses? Simples, eu sou fã do KISS. Ponto. O livro é interessante pela história de vida de um garoto israelense, pobre, que vendia frutas no ponto de ônibus, que décadas depois virou Gene Simmons. Virou não, se fez. No mais, o livro é bom. Vale a leitura. É do Gene! O cara do KISS. Sim, eu sou fã e fã é assim. Ponto final.

Ainda estou lendo o livro do Feyerabend. Matando o tempo é uma autobiografia. Veja que interessante, também de um menino pobre, austríaco, que não vendia frutas no ponto de ônibus, que décadas depois se fez um dos maiores filósofos da ciência. Sou fã. Já era fã. Ainda não terminei a leitura, eu já disse. Estou cada vez mais fã do Paul Feyerabend. Ponto.

Ser fã de alguém é legal. Pessoas que nos inspiram. Pessoas que nos impulsionam. Parâmetros. Paradigmas (Hello, Kuhn!). Eu sou fã de muita gente. Gente que eu conheço, gente que eu jamais vou conhecer. Pouco importa. Sou fã do Gene e do Feyerabend. Dificilmente vou conhecer o Gene em algum lugar, menos ainda o Feyerabend, que já morreu. Sou fã do Cortella, de quem ganhei um livro autografado sem o conhecer pessoalmente, longa história, fica pra outro dia. Sou fã do Paulão do Velhas Virgens, mas esse eu conheci pessoalmente, troquei ideias pelo twitter e email, tirei foto junto. Coisa de fã. Sou fã de grandes mestres, professores que me inspiraram e hoje leciono com eles, somos colegas de trabalho. Ser fã é legal. Ser fã é saudável. O problema — e sempre há um problema — é ser fanático. Ai, mermão, ferrou. Mas eu não quero falar disso, pois vou cair naquilo que eu disse que não ia falar alguns parágrafos acima.

Já sei o título!! E você já sabia dele desde o início. Estranho, não?

Até o próximo.

escrivinhações

Clique

Posted by Edgar on

Deixou cair sobre a cama mais que o próprio peso. Olhou para o teto por alguns segundos, pensando em quem teria escolhido aquela maldita luminária. Fechou os olhos, fechou-se ao mundo. Mergulhou nas entranhas do seu próprio pensamento, buscando no cotidiano dos documentos, das assinaturas, dos toques de telefone, do cheiro de café, alguma justificativa para aquele peso extra que fazia ranger, a cada meneio, as molas do velho colchão. Tentou ficar imóvel. Buscou o silêncio. Buscou o sentido daquele zumbido que lhe atormentava os ouvidos, um zumbido que só se fazia ouvir no interior de sua angústia. Maldita luminária, pensou novamente. Os dedos dos pés latejavam dentro do sapato. Sentia um misto de formigamento, calor e dor que brotava-lhe dos pés e fazia sentir-se por toda a musculatura até alcançar o fundo dos olhos… deixou os pés escorregarem para fora dos sapatos, afrouxou a gravata, buscou o interruptor sem sucesso. Corpo e mente, dormentes, desligaram-se. Apenas a luminária permaneceu acesa, a única testemunha de uma morte lenta e cadenciada. Morria em doses homeopáticas. Morria um pouco a cada noite. A luz que se projetava feria-lhe a vista. Aos poucos seus nervos óticos se ajustaram à luminosidade do novo dia, da velha luminária. Apertou o nó da gravata enquanto se preparava mais um dia. Preparava-se para morrer mais um pouco da sua morte. Lenta. Cadenciada. Ao sair, ainda com a mão sobre o interruptor, pensou, maldita luminária. *clique*